COMO UMA PEDRA

A fotografia constrói realidades guiadas por quem a produz. Uma interpretação
do que está a frente da câmera. Nesse sentido, ela tem o poder de criar
mundos, e Isaias Belo sabe bem disso.

Com suas “latas mágicas” acompanhou durante um bom tempo outro “criador
de mundos” e suas criações. “Como uma Pedra” é o resultado desse processo,
um trabalho que transcende a simplesmente documentação da materialização
de uma obra. O que existe aqui é a relação entre Discípulo e Mestre que criam
simultaneamente.

Da pedra nasce a santa (ou será o contrário?), e da “lata/luz” surgem imagens
que já não são nem a pedra e nem a santa.

Uma nova realidade se constrói a partir do olhar de Isaias, utilizando a Pinhole
para arquitetar seu mundo imagético onde a Sombra e a Luz, o claro escuro e o
escuro claro dramatizam suas composições, potencializam sua poética.
Nas fotografias os trabalhadores da construção se transformam na própria
essência do construir. Seus corpos e as estruturas que constroem se
metamorfoseiam.

Algumas imagens flertam com o abstracionismo e as formas geométricas
sutilmente ocupam seus espaços. As pirâmides criadas por Isaias representam o
sentido templário que constantemente também se apresenta nas obras de seu
Mestre Francisco.

Nesse trabalho, consciente, ou inconscientemente Isaias acaba representando o
infinito ciclo da vida, a mudança, o tempo, a evolução, a fecundação, o
nascimento, a morte, a ressurreição, a criação, a destruição, a renovação. A
Ouroboros, serpente mitológica que engole a própria cauda formando um
círculo. A própria criação…

Agora, “Como uma Pedra”, já publicado em livro, se apresenta virtualmente.
Toma conta do ambiente online e continua sua caminhada…

 

Para Isaias, produzir fotografia com esta técnica é uma postura política.

Por Mateus Sá | Curador desta mostra